Bem-estar

CRIANÇAS NÃO MENTEM?

2 de outubro de 2024

Meu pai faleceu quando eu tinha 5 anos. Eu tenho poucas memórias claras sobre ele, mas fiz questão de preservar e repetir até pouquíssimo tempo uma linda cena que “vivenciamos”.

Lembro dele chegando a pé do trabalho (não sei por que, se ele tinha carro), andando alegremente pela calçada, vindo em minha direção, de braços abertos e sorrindo. Eu corri em sua direção e ele me ergueu em um único impulso, me colocando sentada em seus ombros. Ele falou: “filha, vamos fazer uma surpresa para a tua mãe.” Fomos até um terreno baldio, a uma quadra da nossa casa, o qual estava totalmente tomado por hortelãs. Dava pra sentir o cheirinho ao nos aproximarmos do terreno. As folhas eram graúdas, em tons de verde escuro. Lindas. Colhemos algumas e ele reforçou: “tua mãe ama hortelã, ela vai ficar muito feliz.” Voltamos para casa. O resto da história eu não lembro, pois deveria ter uns 3 anos de idade.

A minha vida toda amei hortelã, por me lembrar do meu pai. Contudo, essa cena tão detalhada na minha mente, jamais acontecera. Descobri há bem pouco tempo e até me frustrei com isso, já que era uma das únicas memórias “vivas” que eu tinha do meu pai. O nome desse evento é: Memórias Falsas. A minha mente infantil mentiu para mim. Você já se questionou quantas das suas memórias são de fato reais?

Segundo a Psicóloga Americana, Elizabeth Loftus, pioneira em conduzir um teste relevante sobre as memórias falsas, no ano de 1995, a nossa memória é parecida com a Wikipédia, e pode ser editada livremente. E mais, não somos os únicos que podemos contribuir com o enredo criado pelo nosso cérebro. Podemos ser manipulados por memórias imprecisas, informações controversas, ambíguas, erradas, mal atribuídas, teorias difusas e, claro, nossas emoções.

Enquanto nossas histórias são contadas, ingenuamente, como parte da nossa jornada, as memórias falsas, não chegam a ter relevância. Mas há um estudo muito interessante sobre este assunto, no Instituto de Psiquiatria do Paraná, onde os cientistas relatam sobre casos de pessoas que passaram por terapias e descobriram que seus fatos traumáticos nunca existiram de fato. As aprisionando em medos inexistentes. Além disso, o estudo mostra mais um agravante, quando as memórias falsas chegam ao setor jurídico, especialmente nas lembranças distorcidas por parte das testemunhas judiciais.

Olhando por esta ótica, as nossas crianças interiores podem ter nos contado várias histórias irreais, seguindo influência de diversos fatores externos. E para que possamos nos curar de traumas, não disseminarmos fatos irreais, que possam distorcer a realidade e gerar confusão mental, perda da real identidade, inseguranças, medos, ansiedade, é muito importante que conheçamos as nossas Raízes Emocionais. Quando acessamos estas raízes, criamos condições favoráveis para que o nosso cérebro nos conduza por caminhos mais claros, com amplitude de visão, facilitando as tramas neurais que precisamos para nos mantermos saudáveis na nossa jornada.

Fonte: Gabriele Lima
Psicoterapeuta – Medicina Germânica – Consteladora Sistêmica e Mestre Reiki
WhatsApp: (54) 99706-8562
Instagram: @gabriele.lima.terapeuta


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