“Fui eu quem te carregou por nove meses, não o teu pai”, “eu sempre me virei sozinha, não preciso dele”, “sou eu para tudo, teu pai só paga a pensão”, “teu pai não me ajuda”. Estas e tantas outras frases/registros que muitos de nós já escutou e que são entoadas em desabafo, podem até parecer que não tem grande repercussão, porém podem ser as formas/pensamentos que conduzem muitos dos nossos passos na vida adulta.
É sabido que o córtex pré-frontal do nosso cérebro começa a “amadurecer” a partir dos 3 a 4 anos de idade. Poderíamos dizer que, na primeira infância, somos como uma matriz em branco, suscetíveis a registrar tudo que é vivido no nosso meio. A estes registros podemos chamar de âncoras, as quais nos fazem permanecer (muitas vezes inertes), vivendo de acordo com o que aprendemos como verdades.
O que uma criança ouve, presencia, mesmo que esteja aparentemente distraída e brincando, é assimilado como uma verdade e passa a ser repetida em sua mente como um padrão de pensamento/comportamento, instalando várias crenças que as limitam, impedem de agir de forma diferente do que foi aprendido.
Para que esta criança se sinta segura, protegida, cresça em sabedoria e saiba tomar decisões, seja líder, a começar pela sua própria vida, para que tenha iniciativa, se sinta forte, que tenha sua energia masculina em equilíbrio, a figura paterna é essencial. Mesmo que este pai não esteja presente fisicamente, a presença na mentalidade é imprescindível. Um pai que já não está mais em vida, por exemplo, pode e deve ocupar seu lugar na consciência, no coração, com o reconhecimento da sua importância na nossa existência. Foi através dele – também – que nascemos e dele herdamos muitas das nossas ações, propensões, tanto mentais quanto genéticas.
Há muitos casos ainda em que a presença física não basta e muitas vezes pode ser até prejudicial. Há muitos pais que transferem à sua família as suas próprias dores não curadas, ou padrões repetitivos inconscientes, da sua própria infância deturpada. Isso vale para pai e mãe. Mesmo assim, a presença consciente da honra à vida herdada deles, aos sacrifícios por eles feitos, até mesmo às dores que carregam consigo, podemos criar um espaço mental/emocional, que será calibrado pelo sentimento de reconhecimento e gratidão. Sentimentos estes que geram equilíbrio nas nossas mentes e que, comprovadamente, mudam nossas conexões neurais, reverberando em saúde, em todos os âmbitos.
Quando se fala em saúde em todos os âmbitos, podemos entender que a nossa vida como um todo depende do equilíbrio que buscamos ter com as emoções relativas aos nossos pais.
Pessoas equilibradas com seus pais não carregam mais aquelas âncoras, se libertam para agirem de acordo com os seus próprios valores e princípios, seguem seus sonhos, são mais felizes, prósperas e realizadas.
Então, aquele pai que se sugere não fazer muita falta em casa, devido às suas falhas como ser humano, nem de longe tem sua importância diminuída em nossas vidas. É este mesmo pai, falho, que nos permite olhar para as nossas próprias falhas e, mesmo intrinsecamente, nos impele a sermos seres humanos melhores. Então a ele, honra e gratidão!
Fonte: Gabriele Lima
Psicoterapeuta Medicina Germânica – Consteladora Sistêmica e Mestre de Reiki
(54) 99706-8562
Instagram: @gabriele.lima.terapeuta