O Agosto Dourado foi instituído no Brasil como mês do aleitamento materno através da Lei nº 13.435, de 12 de abril de 2017, onde são intensificadas ações voltadas a conscientização, esclarecimento e incentivo a amamentação. Por que a escolha da cor dourada para a campanha? Porque o leite materno é considerado o alimento padrão ouro para o recém-nascido e as crianças até dois anos de idade. E assim, vários profissionais da saúde estão envolvidos neste trabalho de esclarecimento intensificado neste período do ano com a campanha. A Psicologia está no time esclarecendo e se colocando a disposição para acolher, dar espaço e voz a quem quer olhar com cuidado a sua experiência em nutrir corpo e afetos, porque não é somente sobre alimentar um bebê, mas nutrir sentimentos e deixar marcas que vão acompanhar mães e filhos para a vida.
Como a Psicologia Perinatal pode contribuir? Ajudando a relembrar que o ato de amamentar é algo a ser aprendido pela mulher e que tudo bem em ela precisar recorrer a um suporte profissional para sentir-se mais segura e auxiliar a dupla que está formando com seu recém-nascido a quem começa a conhecer melhor. Muito se fala e é preciso reafirmar devido a sua importância, que o aleitamento dá a partida para acontecer a vinculação mãe-bebê e que emocionalmente falando, é fundamental para a formação deste novo sujeito. Incentivar que ela busque apoio em sua rede de apoio (família e pessoas que efetivamente lhe auxilie no puerpério) criando um ambiente tranquilo, seguro e favorável a este momento nos primeiros tempos até que passe a ter segurança em conduzir o ato a qualquer momento e lugar em que estiver, e, para isso, sentir-se confortável para também oferecer além do alimento, segurança e conforto ao bebê. Outras vezes o necessário é um suporte para lhe facilitar a refeição, permitir que suas necessidades de autocuidado possam existir e ter mais tempo para dedicar-se a nutrir com conexão o seu bebê. A Psicologia acolhe os sentimentos emergidos com a expectativa ou durante o aleitamento: dúvidas, ansiedades, medos, bloqueios que podem ser fruto de uma experiência negativa compartilhada ou proveniente do excesso de relatos ou informações (comuns atualmente via internet) que lhe chegam por vezes desencontradas e vindas também por quem já vivenciou esse processo provocando uma super sensibilização e gerando muita angústia.
Papel da Psicologia Perinatal lembrar que a romantização sempre é um fator essencial a ser trabalhado e desconstruído e que é válido um suporte para tal; essencial que a mulher esteja ciente do que pode enfrentar e que as dificuldades iniciais e dores fazem parte do processo, para umas mais e outras menos, que exige paciência, persistência, ajustes e que é possível contar com uma vasta rede de profissionais preparados e empáticos para auxiliá-la se necessário (pediatras, enfermeiras, consultoras de amamentação e psicólogas), cada um dentro da sua especialidade e quadro de atuação, preparados para ajudar o processo “engrenar”. Acolher angústias ou simplesmente dar espaço de fala a quem está vivenciando essa fase e oferecer o reconhecimento de que a experiencia com a amamentação sendo boa ou ruim para a mãe, interfere grandemente no bem-estar do bebê e no seu desenvolvimento.
Sempre será uma experiência individual atravessada pelo desejo ou não, pela realização ou frustração, cada história e cada mulher terá a sua própria. As percepções acerca do ato de alimentar seu filho são inúmeras e transmitidas a outras tantas de seu círculo social. Está aí a importância de campanhas e trabalhos direcionados a este público que, além de incentivar, possam oferecer recursos que beneficiem mais e mais gestantes, parturientes e puérperas, estendendo o benefício ao maior número possível de envolvidos.
Fonte: Luciane de Albuquerque Hörner
Psicóloga Perinatal e Psicóloga Clínica – CRP: 07/25451
Especialista em Neuropsicologia
(54) 99981-4313
Instagram: @psico_luciane_horner