Quando o assunto é maternidade o que mais se encontra são palpiteiros de plantão, mas a prática mostra diariamente que de fato não existe receita, que cada mãe vai aos poucos se construindo neste papel.
Embora muitas mulheres carreguem sim o desejo natural pela maternidade, algumas com a mesma naturalidade sentem-se confortável e feliz ao expressar a sua incompatibilidade com o tão sonhado lugar que tantas mulheres querer ocupar o de tornar-se Mãe. Cobrar isso de forma inânime é um gesto cruel e de imposição social e cultural pois coloca a plenitude do ser mulher a partir do exercício da maternidade.
Maternagem não é brincadeira então, o mais importante não é quem quer ou não se tornar mãe, mas como cada mulher de acordo com suas histórias de vida, medos, inseguranças, desejos e realidades chegam a este status.
Ninguém nasce mãe, algumas mulheres chegam a ter filhos, mas nem por isso esse título lhes é garantido. A maternidade é uma relação entre dois seres, e como toda relação precisa ser desenvolvida para se tornar amor. Amor esse que para muitas mulheres sim, é uma realização de vida. Enquanto para outras a mesma realização se apresenta de outras formas: profissionais, financeiras ou na relação de pares.
Escrever, falar ou até mesmo pensar sobre maternidade é se aventurar em um caminho de incertezas por vezes polêmico, onde cada experiência é única com um caminho que varia de doce, leve e feliz a percursos dolorosos, decepcionantes e sofridos.
Dizem que amor de mãe é incondicional, pessoalmente até concordo, costumo dizer que o amor protege. Contudo, amor incondicional é diferente do amor ilimitado, não no sentido de que exista um limite e quando atingido ele acabe. Mas no sentido ampliado de um amor seguro, contingente com as necessidades de seu filho. Um amor que alimenta, cuida, educa, aquece e claro protege muito, na mesma medida que dá bronca, ensina sobre responsabilidade, sobre o certo e o errado, permite frustações, acolhe fracassos e encoraja enfrentar os medos.
A maternidade real vai muito além de livros, palestras, ou do que cursos de gestantes são capazes de ensinar. É um exercício constante de equilíbrio entre tudo que você já foi um dia e o está se tornando desde que a maternidade bateu a sua porta. Por mais planejada e até perfeita que possa ser a chegada de um filho ainda assim momentos de pavor, estresse e até mesmo fúria irão te visitar durante esta longa jornada da vida de mãe.
Ser mãe é sem dúvida uma missão não se sinta obrigada a aceitar, mas se o fizer faça de verdade aceitando o que de melhor ou pior ela tem a oferecer, só não esqueça o principal seu filho pode ser sua prioridade desde que não exclua você da sua própria vida. Afinal acredita-se que você já existia antes da chegada dele.
Fonte: Angela de Souza Garbin
Psicóloga CRP 20522
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