MAS E FORA DELA, COMO OS PAIS O UTILIZAM?
É cada vez maior o número de países onde a utilização do telefone celular em sala de aula sofre restrições ou é proibida, e, no Brasil, o tema voltou à tona recentemente. E não é assunto novo, pois, desde o ano de 2015 tramita no Congresso Nacional um projeto de lei que proíbe o uso de celular e de tablet em salas de aula dos estabelecimentos de educação básica e superior. Dados do “Relatório Global de Monitoramento da Educação 2023″, divulgado no final do mês de setembro pela Unesco, Organização da ONU para Educação, revelam que França, Itália, Finlândia, Holanda, México e Estados Unidos já proibiram o uso do celular ou de redes sociais nas escolas, e que um em cada quatro países do mundo tem leis que com igual finalidade. No Brasil, há proibições pontuais em alguns estados e municípios, mas que restringem-se às suas escolas, não atingindo, por exemplo, escolas particulares. Desta vez, uma lei em nível nacional irá normatizar para todas as escolas brasileiras, e, em todos os níveis.
Levantamento do SUS mostrou que, no ano passado, a incidência de níveis elevados de ansiedade entre crianças superou a de adultos pela primeira vez, e, entre as causas, está o uso excessivo dos smartphones. Na Inglaterra as escolas que baniram os celulares em salas de aula tiveram melhores resultados em exames nacionais de ensino, além do que, citado por professores, a perda de foco dos alunos, as distrações, a exposição a conteúdos sexuais e violentos e o aumento de casos de bullying on-line também diminuíram.
Poderíamos ampliar a gama de consequências que usos indevidos provocam: aumento de consumo de medicamentos em faixa etária muito jovem, alguns transtornos de aprendizagem, desestímulo à memorização e consequente ocorrência de “preguiça mental”, perturbações ao desenvolvimento de área motora ao substituir a escrita por fotos e prints de conteúdos escolares e muito mais.
Porém, não podemos ter o celular apenas como um vilão. Há pouco tempo, em meio à pandemia de Covid, foi por intermédio dele que milhares de alunos e de escolas puderam manter as atividades de ensino à distância. Se por um lado, o bom uso traz vantagens que beneficiam a todos, seja na escola, no trabalho ou na vida de cada um, é preciso estar alerta ao o uso indevido e eventuais prejuízos decorrentes, e, para isto, há uma série de movimentos resultantes em estudos e pesquisas na internet.
Há um questionamento que diz: “Você controla a tecnologia ou a tecnologia controla você?”. Se este é um desafio para adultos, imagine para crianças em seus primeiros contatos com o mundo fascinante dos smartphones. Porém, de pouco uso e desconhecida pela maioria de usuários, é a função “Bem estar digital e controle parentais” instaladas em aparelhos com tecnologia android e acessível a partir do ícone de configurações; para o IOS vá em “ajustes”. Ali, é possível monitorar quais os aplicativos mais utilizados e por quanto tempo, verificar sobre como está o uso em redes sociais, como pausar aplicativos quando atingirmos um tempo de uso (definido pelo próprio usuário), como reduzir interrupções, configurar modo de dormir e outras funções. A minha proposta, caro leitor, é a de que você configure por um dia seu celular limitando o acesso a alguns aplicativos e, principalmente às redes sociais, para que ao final do dia possa analisar como foi a experiência. Só então, você terá condições de responder se controla ou é controlado pela tecnologia e vivenciar sobre o quanto é difícil abster-se do celular, e o mais importante: qual o seu grau de dependência, se é que há.
Poder conviver melhor com a tecnologia mantendo o foco no que realmente importa, ser capaz de se desconectar e alcançar um equilíbrio consciente entre a conectividade e a desconexão digital, tornam-se desafios para todos. A prioridade deve ser fazer com que os dispositivos e aplicativos que usamos diariamente estejam alinhados com nossas necessidades e façam parte de rotinas mais saudáveis, não nos expondo a prejuízos sociais, de aprendizagem ou de relacionamentos.
Agora, você já ouviu falar em nomofobia? Pois bem, trata-se de uma doença cada vez mais comum e pouco conhecida por este nome e caracterizada por quando você não consegue deixar o celular ou o computador de lado. Nestes casos, cuidado, você pode estar sofrendo de dependência do seu dispositivo eletrônico e os primeiros sintomas percebidos são estresse, depressão, tristeza, falta de sono e dificuldades em se relacionar. Em assim sendo, não espere o quadro agravar-se, procure ajuda, procure um psicólogo.
Fonte: César A R de Oliveira
Psicólogo
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