Este mês é momento da campanha MAIO FURTACOR e voltamos nossa atenção à Saúde Mental Materna e tudo o que envolve dilemas, delícias, desafios surgidos com a experiência da maternidade. Pegando carona na temática de 2024: “Uma mãe leva a outra”, convido você a compartilhar este artigo com alguém que você tenha lembrado agora: uma mãe recente, mãe experiente, mãe “recém-nascida”, toda mulher que você conheça e que possa se beneficiar com esta reflexão: QUAL É O TEMPO DE SENTIR DENTRO DO UNIVERSO DA MATERNIDADE?
Qual tempo reservamos para nos permitir tomar contato com os sentimentos que surgem durante essa jornada? Estão em menor número as mulheres que conseguem experimentar um equilíbrio entre reconhecimento, acolhimento e manutenção de suas necessidades, sejam elas emocionais, práticas e de autocuidado simultaneamente ao trabalho minucioso de ser mãe; num extremo vimos mulheres que se anulam, se isolam dos grupos que pertenciam antes de ter filhos e deixam-se sempre por último em detrimento das necessidades destes (independente da idade que tenham, inclusive com filhos já adultos) ou, no outro polo, não conseguem abrir mão do “EU” ficando impedidas de voltar seu olhar ao outro (no caso o/os filho/os), incluindo o olhar inicial e determinante para a constituição do bebê recém-nascido como ser humano em construção e/ou atendimento das demandas dos filhos ao longo do seu crescimento e fases importantes da vida que requerem presença, afeto e visibilidade dos pais.
E muitas justificativas baseadas na racionalização podem aparecer: nossa múltipla jornada (como profissional, dona de casa, mãe, companheira, figura social), falta de rede de apoio, pressão social ou familiar, falta de tempo, cansaço, etc. Porém adoecemos quando não ouvimos nosso próprio chamado ou calamos para manter a imagem de superpoderosas. É necessário tempo e espaço para sentir e elaborar as dores das perdas (qual seja a natureza delas: lutos, escolhas ou renúncias), provar os sabores de uma nova vida que se apresenta diante de nós e o que mobiliza em nosso interior ao percebermos que “não voltamos a ser o que já fomos um dia”, a intensidade de novas responsabilidades, a atenção com nossa saúde mental/física/espiritual, a importância de alimentar bons vínculos dentro e fora da família com pessoas que nos motivam, acrescentam ou nos tiram da zona de conforto. Espaço para nos enxergarmos, ouvirmos e estabelecermos limites (próprios e a terceiros), cultivarmos/desenvolvermos o amor próprio e o autocuidado.
O tempo de sentir dentro da maternidade é o agora! Não importa o que esteja acontecendo diretamente com nossa vida ou paralelo a ela, não podemos deixar para depois. Fantasia pensar que existirá um momento ideal onde teremos “todo aquele tempo só para nós”: a vida não acontece em fragmentos, o momento ideal pode nunca chegar segundo nossa compreensão sobre ele; se não olharmos para nós e sentirmos com permissão de contatarmos todo tipo de sentimento, seremos sempre desconhecidas para nós mesmas; o reconhecimento pode vir de fora, mas é essencial que o valor parta de dentro. O mundo/tempo e a vida não faz pausas, com filho recém-nascido, com filho pequeno, indo para a escola, colando grau, constituindo família, deixando o ninho… cada fase da nossa vida exige conexão e permissão de sentir para elaborar, (re)construir, autodescobrir, autoconhecer e, por fim, não adoecer.
Fonte: Luciane de Albuquerque Hörner
Psicóloga Perinatal e Clínica – Especialista em Neuropsicologia – CRP: 07/25451
(54) 99981-4313
Instagram: @psico_luciane_horner