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A BUSCA PELA PERFEIÇÃO E O AFASTAMENTO DA AUTENTICIDADE DA MULHER

Não podemos falar sobre o ser mulher sem considerar a perspectiva social que permeia essa vivência. Dito isso, partimos do entendimento das inúmeras camadas que historicamente transversalizam os papéis que a mulher ocupa na sociedade e a forma que ela se relaciona com o outro e consigo.

Sabe-se que há séculos a mulher é alvo de uma série de ideais a serem cumpridos, os quais variam desde padrões de comportamento, lugares a se ocupar na sociedade e é claro, rígidos ideais estéticos de acordo com cada época, reforçando ainda mais a ideia de que não é possível falar das mulheres sem que seja considerado o contexto social. Sendo assim, mesmo que consideremos a pluralidade que permeia o “ser mulher”, há algo que pode ser comum entre a grande maioria: a busca incessante pela perfeição.

Quando lemos a palavra perfeição, não raras vezes tendemos a considerar que estamos falando dos ideais estéticos conforme citado anteriormente, mas cabe ressaltar que essa questão parte de um cenário ainda mais amplo, indo ao encontro da expectativa colocada na mulher de que além de estar de acordo com tais padrões, deve também ser uma excelente mãe, uma profissional admirável, uma esposa incrível e mais uma série de requisitos que reforçam não somente a cobrança externa, mas também internamente.

Diante de tantas imposições, ora veladas e ora explícitas, é comum nos depararmos com mulheres que possuem uma relação estremecida consigo, especialmente quando percebe que essa corrida rumo a perfeição afasta ela de sua própria autenticidade e a aproxima da frustração de não conseguir suprir esses ideais, sendo comum o aparecimento de emoções que vão desde a vergonha e percorrem um caminho entre a ansiedade, tristeza e também, a culpa de se ver tão distante desses padrões e ainda mais distante de si. Afinal, quanto mais tentamos suprir uma expectativa externa, mais nos afastamos de nós mesmas.

Esse somatório de fatores impactam diretamente na construção e/ou desconstrução de sua autoimagem, que embora não seja formada unicamente por tais aspectos e tem uma complexidade a ser considerada, torna-se visível o quão recorrente é o sentimento de insatisfação entre as mulheres, resultando em um cenário de comparações e crenças de que não são suficientemente boas para si e para o outro, podendo gerar impactos diretos nas relações interpessoais e em casos mais graves, o aparecimento de patologias como os transtornos alimentares, ansiedade, burnout, entre outros. Vale ressaltar que as patologias não aparecem diante do surgimento de sintomas isolados, sendo necessário considerar uma gama de aspectos para criar uma hipótese diagnóstica, o qual é realizado especialmente por psicólogos (as) e psiquiatras.

Portanto, é importante lembrar que a autenticidade é a característica mais bonita e desafiadora de cada mulher que se propõe a se olhar com o carinho e cuidado que por vezes são destinados somente a outras pessoas e não a si. Poder cuidar-se física e emocionalmente com certeza é um desafio diário, mas é importante ter a certeza de que este é um dos movimentos mais bonitos a ser feito por si.

Fonte: Carolina Vieira Leite
Psicóloga – CRP 07/34578
(54) 99186-1041
Instagram: @psicarolinaleite


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