Alimentação

AGOSTO DOURADO E AS DIVERSAS FACES DO ATO DE AMAMENTAR

Agosto Dourado instituído pela OMS (Organização Mundial da Saúde) carrega a temática da conscientização da importância e incentivo a amamentação, juntamente com a SMAM (Semana Mundial do Aleitamento Materno) que ocorre de 1º a 7 de agosto, recomendando que a alimentação do bebê seja exclusivamente através do aleitamento até os seis primeiros meses de vida e que mesmo após a introdução orientada da alimentação, possa prosseguir até os dois anos de idade. A cor dourada da campanha lembra a todos o padrão ouro deste alimento e sua importância. Porém, dentro deste universo da maternidade, venho propor a reflexão de como o processo que é natural, também é complexo e desafiador para a mulher.


Primeiro porque não é tão automático e não se nasce sabendo: é construído desde a observação do ato durante as diferentes fases de nossa vida e pelo contato que temos com o mundo materno acontecendo ao nosso redor através das diferentes mulheres que participam do nosso círculo de relações, passando pelo desejo ou não de termos filhos e pelo desejo ou não de amamentar, transitando por um cenário que envolve ansiedades, expectativas, medos, experiências compartilhadas e que irão construir em nós, mulheres, espaço interno propício ou não ao ato de amamentar, e finalmente, à realidade com que nos deparamos que inclui aprendizado, dores, desafios, superação, prazer, satisfações, recusas, sentimentos diversos e que conduzirão ao sucesso ou frustração, mas raramente à indiferença desta experiência feminina.


Precisamos incentivar sim, porém se faz necessário oferecer espaços de escuta e acolhimento às dificuldades que podem se apresentar neste momento. Chegam aos profissionais ligados à promoção de saúde das puérperas e seus bebês as mais diversas situações que devem ser trabalhadas sem preconceito ou julgamento, pois está aí envolvida toda gama de sentimentos e emoções que refletem na saúde mental da mulher e diretamente na promoção de saúde da criança e seu desenvolvimento global. Para o bebê é fundamental sentir que o processo de receber esse alimento é prazeroso; forçar a amamentação contra vontade da mãe ou com aversão envia mensagens e referências negativas à criança que sentirá negativamente suas primeiras impressões de mundo e relações através do desconforto e reações da mãe, surtindo efeitos psicológicos negativos para seu desenvolvimento. A vivência do 1º ano desse bebê é intensa e será a partir da absorção de tudo o que ele recebe e percebe do ambiente. A vinculação dessa dupla que está também atrelada a todos os cuidados maternos e ao ato da alimentação acontece de maneira saudável quando carrega consigo o bem estar e isso ocorre de forma adequada mesmo com uso da mamadeira porque dar o peito cheio de mensagens negativas é muito pior e prejudicial, comparado com dar o alimento com afeto e cuidado e de forma prazerosa que vai passar a mensagens positivas de aconchego, segurança, proteção, prazer.


Diante de uma mulher que tem a coragem de expor suas dificuldades ao profissional que a recebe, precisamos demonstrar empatia e auxiliá-la na compreensão do que está por trás da situação e de sua recusa, apoiá-la e reforçar comportamentos que promovam a superação das limitações, apresentar possibilidades e não incorrer em reforço negativo ligado a preconceito ou recriminações. Lembremos sempre que a saúde mental está ligada também aos aspectos físicos e uma mãe saudável e fortalecida promove saúde ao seu bebê.

Fonte: Luciane de Albuquerque Hörner
Psicóloga Perinatal e Clínica – CRP: 07/25451
(54) 99981-4313
Instagram: @psico.luciane.horner


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