Bem-estar

Déjà vu

16 de agosto de 2017

O fenômeno do déjà-vu, termo francês que significa, literalmente, já visto, é comumente relatado por diversas pessoas no mundo como sensações e percepções que já vivenciamos anteriormente, deixando a impressão de forma real de determinados acontecimentos em nossos sentidos. O déjà-vu é um fenômeno que envolve nossa memória (hipotálamo), desenvolvendo a impressão errônea da realidade dos fatos. Desse modo, nosso cérebro experimenta uma desconfiança, emite um alerta em sinal vermelho, sobre nossas percepções falhas, o que, de modo geral, não é nada doentio, é um processo natural do funcionamento psíquico do ser humano.

Quando ocorre, é de forma rápida e imprevista, deixando-nos confusos sobre sua veracidade, seria uma peça que o nosso cérebro está nos pregando? O déjà-vu é a estratégia que a nossa psique (o que se refere ao psicológico do indivíduo) encontra para obter respostas rápidas e adaptá-las em relação ao ambiente externo, devido a estímulos estressores ou desorganizados. Tem-se a sensação de ter estado naquele lugar, com a impressão de conhecer aquela determinada pessoa, de já ter ouvido essa mesma frase que a pessoa está falando em um determinado tempo e espaço, ou então pensa-se que pode ser algo já vivido em outra vida.

Um estudo realizado pela Universidade de St. Andrews procurou identificar em imagens de ressonância magnética o momento exato em que ocorre o déjà-vu. Os pacientes foram estimulados com jogos de palavras sobre o mesmo tema e logo após, quando perguntado se haviam escutado uma palavra com S, os participantes relatavam ter escutado a palavra sono, caracterizando, dessa maneira, o déjà-vu.

Com o desenvolvimento dessa pesquisa, os resultados mostraram que área frontal do cérebro, responsável pela capacidade de tomar decisões, era a mais ativa, contrapondo estudos anteriores que tinham o hipocampo como área responsável pelo mecanismo, devido a sua relação com o armazenamento de nossas memórias. No estudo em questão, o hipocampo mostrou-se pouco ativado.

Pessoas idosas apresentam mais confusões nas lembranças, não correspondendo ao déjà-vu de pessoas mais jovens, isso porque o cérebro, com o passar dos anos, reduz a capacidade de atualização e armazenamento de informações e retomada da memória, que funcionaria como um backup dos dados armazenados. Os jovens entre 15 e 25 anos apresentam maior tendência a sentir essa experiência. Estima-se que entre 60% e 70% de todos nós já vivemos tais sensações, provavelmente devido ao fato de viajar mais nessa idade e experienciarmos novas sensações.

Desse modo, a percepção de ter presenciado algo e ou vivido algo atemporal, denota que o nosso cérebro está conseguindo dar conta dessas sensações. De forma analítica, o déjà-vu apresenta-se como uma falha no processo de recalcamento, deixando os conteúdos que percebemos no cotidiano da vida sem um sentido, são resquícios dos nossos sonhos, O que acontece é que há um retorno desses restos para um novo reprocessamento mental, na tentativa de arquivar no inconsciente situações que mobilizaram conteúdos afetivos, estressantes e sentidos por nossa mente como traumáticos.

Vamos pensar em um exemplo de déjà-vu. Imagine-se em uma praça de alimentação de um shopping, enquanto degusta um sorvete de chocolate com algum familiar. Você está conversando sobre o quanto o doce está delicioso e, nesse exato momento, ocorre uma falha entre seu inconsciente e o consciente, o que gera um milésimo de segundo de desconexão. É nesse instante que você não consegue diferenciar esse lugar de outros shoppings, e ocorre a sensação distorcida de já ter presenciado essa cena e até mesmo de já ter ouvido o vizinho da mesa ao lado comentar sobre o sorvete, estranho? Não, déjà-vu!

Fonte: Alessandro Alves – Integrativa Clínica Multiprofissional – Psicólogo Clínico – CRP 07/23993 – Especialista em Avaliação Psicológica – Telefone: (54) 99980-0015


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