Bem-estar

ENXAQUECA

6 de setembro de 2024

A enxaqueca ou migrânea é o tipo mais comum de dor de cabeça em consultórios de neurologistas. Pode iniciar em qualquer idade, inclusive na infância, tendo um componente genético. A dor habitualmente é latejante, mas quando menos intensa pode se manifestar como um peso na cabeça. É comum que venha acompanhada de náusea e até mesmo vômito. Durante as crises existe uma intolerância a claridade, a ruídos e a odores. Existem dois tipos de tratamento para a enxaqueca: o tratamento agudo (ou da crise) e o tratamento preventivo (profilático).

O tratamento da crise corresponde ao uso de analgésicos apenas durante a crise de dor. O analgésico deve ser tomado logo no início da dor, pois quanto mais você demorar a tomá-lo, menor será a probabilidade que ele seja efetivo. Mas cuidado! A ingestão excessiva de analgésicos (abuso de analgésicos) pode piorar a dor de cabeça. É difícil compreender por que um analgésico tomado diariamente ou quase diariamente deixa de combater a dor e passa a piorá-la, ocasionando, em muitos casos, um novo tipo de dor de cabeça, chamada cefaleia por uso excessivo de medicação. Existem critérios específicos para consumo excessivo de analgésicos estabelecidos pela Sociedade Internacional das Cefaleias. Porém, de modo prático, se você estiver consumindo medicamentos mais do que três dias da semana, de forma regular, fique atento, pois você é um forte candidato a desenvolver cefaleia crônica, definida como dor de cabeça em mais de 15 dias por mês.

Quanto ao abuso na utilização de analgésicos, o correto é reduzir drasticamente o consumo de analgésicos a no máximo dois ou três dias da semana. Porém, logo após interromper o uso destas medicações e antes da esperada melhora, pode ocorrer um período de abstinência, que dura de 7 a 15 dias, onde a dor piora muito e surgem mal-estar, dor no corpo e agitação. Os sintomas de abstinência dificultam a interrupção. Por isso, é importante a procura de um especialista que indicará o melhor tratamento neste período de transição. Vale frisar que a dor de cabeça pré-existente ao abuso do analgésico não desaparece com a interrupção do uso excessivo de medicamentos e deve ser tratada quando indicada.

O tratamento preventivo da enxaqueca é realizado com medicações que são usadas diariamente por um período que varia de 6 a 12 meses. Estes medicamentos agem no cérebro regulando as vias neuroquímicas que desencadeiam as crises de dor. Os pacientes muitas vezes se assustam com o fato de as medicações usadas no tratamento da enxaqueca serem compostos por substâncias usadas para tratar outras doenças como pressão alta, depressão e epilepsia. Portanto, se seu médico prescrever um destes medicamentos para a sua dor de cabeça, não se assuste, pois elas são usadas amplamente para o tratamento da enxaqueca e existem vários estudos assegurando sua eficácia e segurança. A toxina botulínica tipo A (Botox) também foi aprovada para o tratamento da enxaqueca crônica. Mais recentemente foi lançada uma injeção que contém um anticorpo monoclonal que atua em um receptor diretamente relacionado com a enxaqueca e que é aplicada uma vez por mês, sendo a primeira medicação específica para o tratamento desta dor.

Certos alimentos também podem desencadear crises de enxaqueca, o que ocorre em 25% dos pacientes. É importante que se estabeleça a relação causal entre a ingestão de certo alimento e a dor de cabeça. Cada organismo se comporta de um modo diferente, portanto, não siga dietas extremamente privativas. Os alimentos mais relacionados com crises de enxaqueca por apresentarem substâncias, geralmente do tipo amina, com ação dilatadora sobre o calibre dos vasos sanguíneos (esse é um dos mecanismos da dor) são chocolate, vinho tinto e bebidas alcoólicas em geral, queijos, frutas cítricas, adoçantes artificiais tipo aspartame, amendoim, excesso de cafeína, carne defumada, entre outros.

Algumas alternativas para aliviar a dor de cabeça:
– Aplicar bolsas de gelo na região da dor;
– Tenha horários de sono regrados, evite cochilos prolongados à tarde;
– Dormir menos ou mais que o necessário pode desencadear crises;
– Evite usar rabinhos de cavalo, coque, tiaras ou óculos apertados;
– Durante a crise, evite lugares com claridade e barulho excessivo;
– Alimente-se regularmente (de preferência a cada 3 horas);
– Pratique regularmente exercício aeróbico;
– Terapias alternativas são válidas, desde que realizadas por bons profissionais, como yoga, massagem, acupuntura.

Portanto, tenha uma vida regrada e procure um médico sempre que ficar em dúvida.

Fonte: Dr. Diego Cassol Dozza
Neurocirurgião – CRM 27281
(54) 3622-2989
Instagram: @dr.diegodozza


Guia Viva Bem

Clique aqui para ver a versão impressa

Última Edição

Clique aqui para ver a versão impressa

Siga-nos no Facebook