Bem-estar

Facebookismo* deixa triste

10 de julho de 2017

(* Neologismo para uso exagerado da rede social)

Mais uma pesquisa tenta descrever o perfil de usuários de redes sociais. Desta vez, o relato de cerca de 5 mil norte-americanos entrevistados pelas universidades de Yale e de San Diego levam à conclusão de que quanto mais tempo se passa no Facebook “… maior será a deterioração do bem-estar social”. Convenhamos, tal obviedade dispensa pesquisas, já que tanto se fala das carências nos relacionamentos e sobre o quanto são mal e indevidamente expressas nas redes sociais. Desse estudo, restou a informação de que a diminuição de curtidas nas postagens estava relacionada ao aumento da insatisfação pessoal, e que, mesmo entre aqueles que usam por menos tempo tal rede, havia alguns indícios de tristeza.
Do mesmo modo como já escrevi sobre o Whatsapp, não me sou contra essa tecnologia, que também apresenta aspectos positivos, assinalo apenas que, como se prega nas mais antigas tradições, temos a necessidade de um ponto de equilíbrio, um meio termo. A mesma pesquisa mostra que o uso médio de tempo no Facebook fica em 50 minutos diários, imagine então para aqueles que permanecem on-line por mais tempo ainda. Hoje, a televisão consome mais tempo das pessoas (quase três horas diárias), já que exercícios físicos ou eventos sociais (nos quais podemos estar frente a frente com outras pessoas) demandam menos tempo. Não sem importância, o estudo aponta também que o tempo destinado para comer e beber é apenas 10 minutos a mais do que o utilizado no Facebook.
Tal aumento do tempo de uso decorre também da popularização de smartphones e redes wi-fi disponibilizadas, pois o contato se dá com muito mais facilidade, o que acaba por diminuir o tempo para reais encontros pessoais. Várias reportagens nas diversas mídias (obviamente, na internet também) apontam para a dificuldade de muitas pessoas em enfrentar a rotina sem seus smartphones: descrições do tipo ter ficado perdido, ansioso, inseguro, irritado ou nervoso mostram o quanto o grau de dependência do aparelho pode interferir no aspecto emocional.
Não bastasse, paradoxalmente, um mesmo aplicativo que pode propiciar uma conversa/troca instantaneamente entre usuários de distantes continentes, em vez de aproximar as pessoas acaba por deixá-las mais isoladas ainda, é o que aponta outra pesquisa da Universidade de Pittsburgh. Do outro lado do mundo, em Hong Kong, um estudo avalia que o uso abusivo do Facebook tende a reduzir em 22% o nível de qualidade de vida.
Bem, há tantas informações sobre redes sociais (e nem sempre conclusivas) que servem para avaliarmos tal fenômeno com cautela. O fato é que, por maior que seja o avanço tecnológico, nada irá substituir um sorriso, um acalorado abraço, um ombro amigo e, naturalmente, uma conversa “olhos nos olhos”. Tristeza é um dos sentimentos básicos de nossa condição humana, não um fenômeno unicamente decorrente do mau uso da internet; há pessoas tristes que sequer utilizam redes sociais, fecham-se em suas tristezas mesmo tendo um emprego, uma família ou condição financeira favorável.
Para tanto, o caminho a um estilo de vida que nos leve ao encontro da tão esperada qualidade de vida, passa necessariamente por aquilo que fundamentou o desenvolvimento da espécie humana: a aproximação, o convívio em coletividade, a redescoberta da família. E isso se dará com pessoas sensíveis a escutar o outro, a falar e a se fazerem presentes “em carne e osso”. É para isto também que existe a psicoterapia.

Fonte: César A R de Oliveira – Psicólogo – WhattsApp: (54) 99981-6455


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