Bem-estar

NEUROREABILITAÇÃO, PERDAS FUNCIONAIS E ASPECTOS PSICOLÓGICOS

3 de abril de 2024

Viver exige coragem, força e determinação. Dar conta do esperado em um ciclo de desenvolvimento “normal” já é desafiador. Quando este ciclo é atravessado por algum evento inesperado como um adoecimento grave ou acidentes tipo AVC ou traumas encefálicos, na maioria das vezes esse desafio triplica de tamanho.

A normatividade da vida, andar, falar, comer, tomar banho, trabalhar acontece de forma tão automática que só quando acontece a perda dessas capacidades nos damos conta do quanto podemos nos tornar frágeis, dependentes e diferentes do que sempre nos reconhecemos.

A necessidade adaptativa em situações desta magnitude, não é exclusiva do paciente identificado como costumamos chamar (a pessoa portadora das limitações), mas do sistema familiar como um todo. Pois exige uma nova organização no que se refere desde de cuidados básicos como higiene e alimentação até a busca por cuidados especializados com objetivo de reabilitar e reestabelecer o quanto antes a vida que derrapou e parece ter perdido seu sendo de direção.

Qualquer circunstância que acarrete na perda da funcionalidade seja ela motora ou cognitiva é imensamente sofrida, é um processo de aceitação de uma nova condição que muitas vezes não se tem clareza do quanto temporária ou permanente ela pode ser. Aceitar o adiamento de sonhos, afastamento de pessoas, olhares de julgamento. Superar o medo de não voltar a ser quem era, gerenciar a raiva, a tristeza, exercitar a paciência e não perder a esperança, são alguns dos enfrentamentos diários de quem está tentando seguir em frente depois passar por uma situação incapacitante com perda de autonomia.
É comum que os cuidados imediatos sejam concentrados na área médica, enfermagem, fisioterapia e fonoaudiologia o que de fato na maioria das vezes é o necessário. Para que na sequência se tenha as mínimas condições para um olhar psicológico diante de tudo que isso exige.

Contudo, a ideia é trazer uma reflexão: Sempre que existe sofrimento existe também a necessidade de cuidado. Uma vez que, todo sofrimento é sistêmico, envolve aspectos físicos e emocionais. As demandas emocionais em situações como as mencionadas é diferente para o paciente e familiares, cada um carrega, muitas vezes em silêncio uma infinidade de sentimentos e emoções. Independente da forma como isso aparece o mais importante é que não passe despercebido. Que ambos possam ser acolhidos e fortalecidos frente as fragilidades que apresentarem.

O cuidado psicológico deve ser atento aquilo que não aparece, a tudo que significa alguém se ver e não se enxergar, falar e não se fazer entender ou, não falar e sentir-se aprisionado nos próprios pensamentos. Fazer um esforço sobrenatural para que o corpo obedeça e este permanecer inerte.

Mas o mais importante no que se refere aos cuidados emocionais é apresentar ao paciente ou familiares (a quem for necessário) um espaço de respeito que seja fonte de apoio e encorajamento. Um lugar de pensar os medos, avanços e retrocessos, um renovar de forças e energias equilibrando sempre realidade e expectativas que a trajetória da neuroreabilitação apresenta aos envolvidos.

Fonte: Angela de Souza Garbin
Psicóloga Especialista em Relações Familiares e Conjugais – CRP 07/20522
WhatsApp: (54) 99191-6694
Instagram: @psicologiaangela


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