Bem-estar

O EXAGERO NO CONSUMO DE MEDICAMENTOS

8 de março de 2024

A palavra remédio vem do latim remedium e visa designar aquilo que cura; é um termo mais amplo do que medicamento. O problema é quando confundimos estas palavras e corremos à uma farmácia achando que a droga que compramos (sim, a expressão drogaria é utilizada para estes locais de distribuição e vendas) vá nos curar. É claro, não se discute a eficácia de tantos fármacos, acontece que precisamos antes refletir sobre alguns dados. Estima-se que as pessoas acima de 60 anos representem algo em torno de 12% a 14% da população mundial, todavia, esta minoria é responsável pela comercialização de mais da metade de toda a produção de medicamentos! Não é à toa que o faturamento da indústria farmacêutica no Brasil cresceu 65% nos últimos cinco anos (fonte Invest/SP).

Mas, além dos idosos, a população em geral consome a outra metade da superprodução das indústrias. Vamos aproximar agora estes dados com o da recente publicação de uma pesquisa para que possamos pensar uma abordagem psicológica para a questão.
O médico psiquiatra Christian Kieling, professor da UFRGS, liderou uma pesquisa (publicada em revista há poucos dias pela Associação Médica Americana) onde concluem que uma em cada 10 pessoas entre cinco e vinte e quatro anos de idade apresenta ao menos um transtorno mental. Foram analisados dados internacionais da Global Burden of Disease em prontuários de crianças, adolescentes e adultos jovens de 159 países, apontando, em cada grupo, quais os transtornos predominantes. Em todos os grupos (reitero: a partir de 5 anos de idade e até os 24 anos) foram encontradas afecções mentais, e, entre as mais recorrentes a todas as faixas etárias estavam os transtornos de conduta, de ansiedade e depressivos.

E qual a nossa cultura para o tratamento desses transtornos? Medicamentos. Todos temos em algum lugar de nossas moradas caixas de medicamentos (muitas das vezes guardados até mesmo com prazos de validade vencidos), e isso é outro perigo. Das tentativas de suicídio por ingestão de drogas, 61,8% se dão por medicamentos, enquanto que 11,4% são por uso de raticidas e 10,9% por agrotóxicos e o restante por outros químicos. Não bastasse, os benzodiazepínicos são as drogas mais consumidas para casos de tensão, ansiedade ou dificuldades de dormir, ao que, sobre a ingestão destes, o Instituto Brasileiro do Cérebro faz um alerta: “A dependência pode ocorrer mesmo com o uso adequado e de curto prazo, mas o risco aumenta quando as pessoas as usam por longos períodos de tempo”.

Não existe efeito sem causa; se considerarmos que estes transtornos apontados no estudo não são a doença em si, mas o resultado de frustrações não elaboradas, de excesso de internet, dá má qualidade dos relacionamentos sociais ou em família, de uma ilusão de que fama, dinheiro e felicidade podem ser facilmente conquistados, poderemos concluir que sessões de psicoterapia aliadas a um tratamento medicamentoso servirão de coadjuvantes para a compreensão do próprio estilo de vida. Um trabalho psicoterápico voltado ao autoconhecimento, com a possibilidade de descobrir-se como sujeito capaz de promover seu crescimento pessoal, irá, certamente, possibilitar que se haja na raiz dos problemas. Daí, a uma melhora na qualidade de vida e, na maioria dos casos, à consequente desprescrição medicamentosa (obviamente que pelo médico que a receitou), poderemos reencontrar o prazer de viver e a possibilidade de resgatarmos nossa autonomia, sermos autênticos e legítimos donos de si. Basta que demos o primeiro passo.

Fonte: César A R de Oliveira
Psicólogo
WhatsApp (54) 99981-6455
www.homemnapsicologia.com.br


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