Bem-estar

Sobre a infância que nos marca

O que seria de nós sem as memórias de infância? Essa pergunta ecoa em busca de uma resposta que tende a ser bastante complexa e nada unânime, já que ora a infância remete a um momento em que a inocência é a maior aliada, ora remete a um período da vida que não soa confortável para muitos.

Quando falamos desse momento tão importante para o desenvolvimento emocional de uma pessoa, falamos sobre o período da vida em que mais estamos propensos a internalizar os acontecimentos, ou seja, a criança está no ápice da construção do seu entendimento sobre si e sobre o mundo, formando imagens e ideias que posteriormente irão ressurgir, dentre as inúmeras formas, através de lembranças. É durante a fase de desenvolvimento infantil que a criança precisa de um adulto que possa decodificar as emoções para ela, alguém que possa ajudar a criança a atribuir significados emocionais aos acontecimentos vivenciados nesse período, para que então ela possa posteriormente acessar esses registros que permanecerão por muito tempo com ela, embora na vida adulta eles podem vir a ser ressignificado a partir da atribuição de um novo significado a tal episódio.

Uma grande aliada das lembranças são as fotos, em que a partir delas torna-se possível capturar as emoções em uma fração de segundos, para então eternizá-las. Ainda, é possível também lembrar com clareza de um tempo não tão distante em que as fotos eram tiradas majoritariamente em ocasiões comemorativas ou então, para demarcar uma situação especial. São essas mesmas fotos que hoje ao nos debruçarmos sobre elas, conseguimos acessar recortes da nossa infância com os nossos olhos, que mesmo estando mais envelhecidos, nos transportam para o cenário retratado.

Evidentemente que nem todas as lembranças que nos vêm à mente sobre a nossa infância são memórias positivas ou afetivas. Por vezes nos encontramos mergulhados em vivências passadas que nos remetem a um tempo difícil, não tão florido quanto gostaríamos, mas que ainda assim nos pertencem e nos constituem. Dar a oportunidade para o nosso eu adulto, que mesmo mergulhado nas inúmeras responsabilidades que hoje nos são atribuídas, abraçar o nosso eu criança, é uma oportunidade de viajar no tempo e acessar registros que por tantas vezes deixamos de lado por medo, vergonha, tristeza ou simplesmente por estarmos constantemente preocupados com o futuro.

Mas retomando a pergunta: afinal, o que seria de nós sem as memórias de infância? Provavelmente, seríamos pessoas em busca de respostas que talvez nunca teríamos, com uma sensação contínua de não pertencimento ou ainda, de uma parte faltante. São justamente essas memórias que nos tornam subjetivos e nos permitem sermos diferentes uns dos outros, ao mesmo tempo que são essas memórias que nos ajudam a criar vínculos com pessoas, seja pela via identificação ou pela via do oposto que nos atrai. Sem essas memórias, seríamos pessoas sem uma história em que, por mais difícil que possa ter sido, ainda assim é a sua história, é o seu passado e a sua vida.

Fonte: Carolina Vieira Leite
Psicóloga – CRP 07/34578
WhatsApp: (54) 99186-1041
Instagram: @psicarolinaleite



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