Bem-estar

“Também te amo, ‘amigue’…”

10 de março de 2016

Sim a grafia está correta, poderia, ainda, ser amigx ou então amige, dentre tantas variações na escrita. Mas a quem essa declaração de amor se dirige? Bem, no surgimento de um novo conceito, ela está endereçada a alguém de gênero neutro: sim, nem a um homem, nem a uma mulher, a um transexual ou a qualquer outra opção de gênero. Aos pais dessa nova geração pode parecer muito confuso que a simplicidade de definições de comportamentos sexuais (ainda confundidas por muitos com genitália: macho ou fêmea) tenha deixado de ser apenas masculino e feminino, daí, o apavoramento quando procuram o auxílio psicológico numa hora destas!

É muito frequente que os pais queiram obrigar seus filhos a sessões de psicoterapia para “resolver esse problema”, beirando quase à insanidade daqueles que propõem – e acreditam – em cura, como se uma doença fosse. Lembro-me de, no início da década de 2000, uma campanha publicitária de muito sucesso que apresentava a chamada “Está na hora de você rever seus conceitos…” cujas cenas baseavam-se no cotidiano de pessoas que não acreditavam em outras possibilidades para as relações interpessoais. Agora, a revista Veja, em uma edição do mês de fevereiro de 2016, trouxe o tema à baila – em matéria de capa – apontando para uma revolução de costumes da ordem da sexualidade de toda uma geração de adolescentes.

Cada vez mais a mídia expõe personagens andróginos em novelas, programas televisivos, na literatura, teatro, ou seja, apenas facilita a revelação daquilo que por muito tempo foi tido como vergonhoso, imoral ou escandaloso. Estou escrevendo este artigo não sobre perversidades ou promiscuidades sexuais (como algumas mentes obsoletas possam estar imaginando), mas para tentar amenizar a causa da confusão de muitos pais: em algumas formas de pensar, o que não for masculino ou feminino é errado, por isto algumas famílias sofrem.

Quem já conversou com essas pessoas que apenas querem ter o direito de uma manifestação de comportamento sexual que esteja em sintonia consigo mesmo, percebe sobre o quanto sofrem por preconceitos, ameaças (em alguns casos físicas e humilhantes) apenas por não enquadrarem-se naquilo que o senso comum chamaria de normal.

Bem, aos pais que estejam passando por dificuldades de compreensão sobre essas manifestações de comportamento de seus filhos, recomendo, antes de qualquer atitude desastrada e que implique em grave dano psíquico a eles e às famílias, que procurem para si uma orientação psicológica. É preciso antes de tudo conhecer o mundo das novas gerações para que se possa então, travar um diálogo sincero, mesmo que seja para dizer que não concorda ou que não gosta, mas que acima de tudo, seja uma manifestação respeitosa. Lá fora está cheio de “gente” (desumanos seria uma definição melhor) que não vão tratar muito bem aqueles que se manifestem na neutralidade de gênero, porém, ao menos em suas casas, eles devem sentir-se amados, acolhidos e respeitados.

 Fonte: César A R de Oliveira, psicólogo – CRP 07/13.695 – saude_mental@outlook.com


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